Dra. Maria Cecília Borges Bittencourt
Medicina do Estilo de Vida

A performance da atividade sexual em si é apenas uma etapa do complexo fenômeno da sexualidade, que envolve desejos, fantasias, intimidade, toques, carícias, autoconfiança, parceria, e muito mais. A expressão da sexualidade é benéfica pra a saúde como um todo: melhora o sono, proporciona relaxamento muscular e emocional, melhora o manejo da raiva. Entretanto, sabemos que nem sempre é simples. E é preciso conhecer os ciclos sexuais de homens e mulheres e a imbricada rede de fatores biopsicossociais envolvidos. Cada idade tem seus desafios. Com o amadurecer, mulheres na menopausa podem sofrer com sinais e sintomas causados pelo hipoestrogenismo no trato genitourinário, como secura, irritação, dificuldade ou ausência de excitação e lubrificação, desconforto ou dor na relação sexual, sintomas urinários de urgência, efeitos prejudiciais na imagem corporal, e que podem afetar suas relações interpessoais, saúde sexual e qualidade de vida. Já homens, com o avançar da idade podem sofrer com a deficiência androgênica, que leva à redução de pensamentos eróticos, atividade sexual, ereções noturnas e libido. O câncer também é um grande propiciador de dificuldades sexuais, tanto para mulheres, em especial acometidas por câncer de mama, que podem sofrer com menopausa precoce e mutilações físicas significativas, quanto para homens, que podem ter o funcionamento de estruturas físicas seriamente comprometido durante o tratamento do câncer de próstata. Além, disso, hábitos de vida, como tabagismo, estresse e sedentarismo também têm participação importante nas disfunções sexuais e devem ser avaliados com carinho, já que mudanças no estilo de vida podem colaborar para a melhora da saúde sexual. Inclusive, os níveis séricos de testosterona podem estar reduzidos em associação com um estilo de vida desfavorável. Há também de serem considerados os componentes relacionais, já que a parceria é fundamental na expressão da sexualidade do casal.