
COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA
A CNV nos convida a olhar o mundo com compaixão, buscando compreender as necessidades que nos unem em nossa humanidade. O autoconhecimento e a empatia pelo outro são ferramentas essenciais para que o diálogo se torne um caminho para a conexão e cooperação.
Os conflitos são, em grande parte das vezes, importantes geradores de estresse. Normalmente, tendemos às duas respostas automáticas mais primitivas para lidar com a situação estressante: luta ou fuga. Podemos enfrentar a situação de forma mais agressiva, exacerbada e impulsiva - da qual muitas vezes nos arrependemos depois - ou tentar fugir do conflito "engolindo sapo", fingindo que está tudo bem, e guardando a situação conflituosa dentro de nós sem resolvê-la, o que pode levar ao rancor, afastamento e outros comportamentos que nos colocam em situação desconfortável com nós mesmos e com o outro. Em ambos os casos, não há escuta, não há compreensão, não há cooperação.
A linguagem é poderosa, e tem a capacidade de potencializar o conflito, ampliando a resistência ou, se soubermos utilizá-la de forma mais produtiva, é capaz de estimular a conexão. Mas para tanto, é preciso que mudemos a lente com qual enxergamos o outro e as situações. É preciso sair da posição dualista e polarizada de certo x errado, ganhar x perder, eu x o outro, e entender que cada pessoa traz consigo seu lado humano e repleto de necessidades que precisam ser cuidadas.
São 3 habilidades essenciais para a CNV:
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Empatia
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Autenticidade
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Autocompaixão
A CNV nos posiciona com uma atitude convidativa frente ao conflito, que estimule a abertura para um diálogo no qual cada um fale e seja ouvido, a fim de que ambos todos sejam considerados e que se chegue a uma compreensão mútua, que finalmente desperte a disposição e a criatividade para que sejam encontradas soluções inclusivas e sustentáveis.
Nós, como seres humanos, compartilhamos necessidades universais, que se apresentam de diferentes formas. Conseguir enxergar a necessidade do outro nos coloca num lugar comum com ele, de semelhante, onde reconhecemos a dor do outro. Muito embora, as estratégias que o outro utiliza para atender essas necessidades possam não ecoar em nós; este ponto de divergência é o qual normalmente gera o conflito. Por isso, é importante treinar os olhos para ir além do comportamento e enxergar nas necessidades que estão por trás. Entender nossas próprias necessidades também é de extrema importância, a fim de que nos expressemos no diálogo de forma autêntica, sem que falemos por impulso ou nos calemos por medo. Devemos nos treinar a falar de acordo com a verdade dos nossos sentimentos e necessidades, porém não a qualquer custo: o "sincericídio" representa mais nossas dificuldades e nossos julgamentos, do que a busca pelo encontro verdadeiro com a necessidade do outro.
No momento do conflito, devemos nos atentar para 4 componentes:
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Fato: descrição do evento que levou ao conflito, sem interpretações ou julgamentos
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Sentimento: nomear como me senti diante daquela situação; com cuidado para não cair na armadilha dos pseudo-sentimentos que colocam no outro a culpa pelo meu sentimento
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Necessidade: buscar a minha necessidade não atendimento, que gerou tal sentimento
Pedido: elaboração de um pedido para que seja atendida a minha necessidade, seja para a outra pessoa, seja procurar consigo mesmo estratégias para ampliar a maneira de cuidar da necessidade em questão
Buscar na situação conflituosa estes 4 componentes e oferecer uma escuta empática é o caminho que a CNV sugere para um diálogo produtivo, com maior potencial de resolver impasses ao invés de perpetuar o estresse.